Seja porque as temperaturas estão a subir ou devido à sua estética mediterrânica, os jardins secos são uma tendência e uma mudança natural para os jardins do futuro. Uma forma de jardinagem que veio para ficar, os jardins secos têm uma enorme diversidade de plantas.
Fototgrafia: Clara and O. Filippi nursery garden, from Claire Takacs
As suas motivações para criar um jardim seco podem ser muito diferentes: interesse pelo paisagismo e estética das plantas mediterrânicas, uma escolha ecológica de não gastar um recurso valioso - a água, ou simplesmente para ter uma fatura de água mais baixa para pagar.
Parte do nosso país, Portugal, tem um clima mediterrânico e as temperaturas estão a aumentar em todo o mundo.
Conscientes dos benefícios ecológicos e atentos à integração de um jardim no local e na paisagem envolvente, no Locistudio inspiramo-nos nestes jardins secos e de gravilha e gostamos de explorar as plantas mediterrânicas nos nossos projectos recentes.
É ótimo ter alguns clientes em zonas de clima mediterrânico, que também têm curiosidade e vontade de explorar este tipo de jardins: adaptados ao clima e com muito pouca manutenção ao fim de poucos anos.
Para lhe dar a conhecer e saber um pouco mais sobre jardins secos, inspirámo-nos na nossa experiência e num excelente livro de Olivier Filippi para escrever algumas curiosidades e alguns dos elementos mais importantes a ter em conta ao planear um jardim seco.
A maioria de nós é influenciado pelos jardins de climas temperados e a seca é frequentemente vista como um obstáculo para o jardim, mas é importante reconhecer que a flora é muito mais rica nas zonas de clima mediterrânico do que nas zonas temperadas.
O mundo tem cinco áreas principais de clima mediterrânico: Chile, Califórnia, Sudoeste da Austrália, África do Sul e a bacia mediterrânica.
Para sobreviver num ambiente difícil, as plantas de climas secos tiveram de se especializar durante a sua evolução e é por isso que são extremamente diversas, adaptando-se a múltiplas condições de solo, exposição, latitude ou altitude. Este facto faz destas plantas um recurso inesgotável para os jardins.
Clima Mediterrânico em todo o mundo
Verde escuro: Plantas de climas mediterrânicos
Verde Claro: Plantas de zonas adjacentes, incluindo montanhas, zonas húmidas e desertos
Listamos aqui sete aspectos a considerar se quiser ter um jardim sem rega:
1. Plantar pequeno e diverso
Quanto mais difíceis forem as condições climatéricas, mais se deve plantar plantas pequenas, e de preferência, que tenham sido desenvolvidas em condições difíceis.
Uma planta comprada grande foi normalmente desenvolvida no viveiro em condições demasiado favoráveis e vai-se habituando a uma boa fertilização, a uma rega sem limites... aparenta ser muito saudável mas perdeu a capacidade de se adaptar a condições difíceis. A planta esqueceu-se do que era a seca. Além disso, quanto mais diversidade, menor o risco de doenças.
2. Planta certa para o sítio certo
Um jardim seco tem um carácter experimental. Como em todos os jardins, é importante ter em conta o sol, o solo e a humidade de cada zona do jardim, e agrupar as plantas com necessidades de irrigação semelhantes. Isto cria diferentes ambientes num jardim. Por exemplo, a Lavanda, o Alecrim, a Esteva e a Santolina detestam água durante os meses de verão.
Para o jardineiro, profissional ou amador, o prazer não está no resultado final, mas no processo e na descoberta das plantas e da sua evolução no jardim.
3. O solo
As plantas mediterrânicas estão habituadas a condições de solo que parecem duras mas que lhes são convenientes: não há solo húmido profundo mas sim pedregoso, pobre e bem drenado. Por essa razão, num jardim deste tipo, a drenagem é essencial e existem algumas estratégias, como trabalhar com a modelação e caminhos de gravilha.
4. Quando plantar
Para um jardim mediterrânico, a melhor época para plantar é o outono. Tendo em conta o ciclo natural de desenvolvimento da planta, esta terá tempo para crescer em condições mais favoráveis. As plantas que se adaptam à seca crescem durante o outono, o inverno e a primavera e entram em dormência durante o verão, quando chega o calor.
5. Quando e como regar
Para habituar uma planta jovem à seca, o melhor é regar o menos possível mas abundantemente. Desta maneira, haverá uma grande acumulação de água em profundidade e as raízes vão desenvolver-se em profundidade. Com intervalos de rega maiores e água abundante, as raízes crescerão até aos níveis mais profundos do solo, onde a humidade permanece mais tempo sem se evaporar.
6. Limpeza de ervas daninhas e mulch
Uma erva daninha é apenas uma planta que cresce na altura errada e no sítio errado. Para obter o efeito desejado, as ervas daninhas devem ser removidas. Elas crescem mais intensamente no primeiro ano, quando o solo está preparado e recebem mais luz. Podem entrar em competição pela água e pela luz solar. À medida que as novas plantas crescem, as ervas daninhas perdem terreno.
O processo de remoção de ervas daninhas pode ser uma terapia para alguns e um pesadelo para outros. Podemos sempre contar com a ajuda de um mulch, uma camada superior de material que pode ser palha ou gravilha, por exemplo. Para as plantas mediterrânicas, a gravilha é uma melhor opção, pois não traz mais matéria orgânica e estas preferem solos pobres.
Para além de ajudar a travar o crescimento das ervas daninhas, a gravilha permite drenar as águas superficiais, o que é perfeito para as santolinas, as alfazemas, o helichrysum, e fica muito bonito.
7. Poda
Algumas plantas mediterrânicas gostam de ser podadas todos os anos, isto aplica-se às lavandas, santolinas, alecrim e estevas, que devem ser mantidas como um volume compacto com um corte no outono, caso contrário envelhecem prematuramente.
Estas são as sete regras para criar o seu jardim seco de sonho, para usufruir das vantagens do clima mediterrânico, e sem praticamente nenhuma manutenção após apenas alguns anos. Um jardim seco bonito e diversificado.
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